segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

(15)-CRISE DO IMPÉREIO E FORTALECIMENTO DO CRISTIANISMO

A gestão do Império idealizada por Diocleciano - a tetrarquia - ao invés de facilitar a sucessão como pensava, trouxe inúmeras dificuldades, e entre estas, Maxêncio.
Quando Diocleciano e Maximiliano abdicaram no dia primeiro de maio de 305, teve inicio um longo período de usurpações e lutas civis.
No ano seguinte, Constantino I - filho do tetrarca Constâncio Cloro, e Maxêncio - filho do tetrarca Maximiliano, foram elevados ilegitimamente ao poder, porque enquanto o primeiro foi aclamado “Augusto” pelas suas tropas aquarteladas na Grã-Bretanha no dia 25 de julho, o segundo foi nomeado imperador pelos pretorianos e plebeus de Roma logo depois, isto é, no dia 28 de outubro.
Galério o “Augusto”, que reinava sobre as dioceses Ilíricas - Panónia, Mesia e Tracia - acreditou que era uma tarefa simples eliminar Maxêncio, que chamava tirano, e com este fim, em 307 reuniu seu exército e deixou Sirmium, sua capital (Sremska Mitrovica), e se dirigiu para a Itália. Percorrendo a península vindo do Norte em direção ao Sul, chegou ao Lazio, mas foi nessa região que seu exército se rebelou: Galério não havia considerado que muitas de suas legiões, por terem servido sob as ordens de Maximiliano, viam em Maxêncio não um inimigo, mas o filho do seu imperador. Diante da falência da sua expedição, Galério, com as legiões que lhe eram fiéis, apressadamente, começou a fazer o caminho de volta saqueando e destruindo tudo o que encontrava ao longo do seu percurso.
(a respeito desta destruição o escritor cristão Lactáncio - 260-325 - na sua obra “De mortibus persecutorum”, relata: “Galério pediu às suas tropas que durante a retirada cobrissem a maior área possível e nela destruíssem tudo o que encontrassem para não deixar nada: alimento, pessoas ou materiais, em condições de serem utilizados pelas tropas que certamente viriam a persegui-los. Portanto, os territórios que estas legiões percorreram foram totalmente saqueados, as esposas contaminadas, as virgens violadas e os genitores e os maridos torturados para que entregassem filhas, esposas e mantimentos. Não só isso, porque todos os animais que encontravam também eram levados vivos ou mortos. O imperador Galério - genro de Diocleciano - até então ”augusto” para a Itália e o Oriente, sem esquecer que era um dos que instigavam a perseguição aos cristãos, se transformara, de repente, em um cruel inimigo que saqueava, estuprava e matava, como um bárbaro qualquer).
Em 312 o exército de Maxêncio, com aproximadamente 188.000 soldados, estava acampado na região barbarizada por Galério quando resolveu marchar sobre Roma para depor o imperador Constantino I e assumir o poder. Entretanto, não conseguiu seu intento: foi vencido por Constantino I na Batalha da ponte Milvio, em Roma, naquele mesmo ano. Foi desse modo que Constantino I prevaleceu entre os demais pretendentes ao Império. Reconstituiu o poder central, reorganizou eficientemente o exército e, no ano 313, através do “Edito” de Milão, ele e Licinio promulgaram a liberdade religiosa abrindo espaço ao culto cristão.
Com esta sabia decisão deu um basta aos conflitos que diariamente eclodiam entre os muitos romanos que até antes de Heliogábalo se haviam filiado à religião egípcia de Íris e Osíris, e até então os não muitos cristãos que até então estavam fora da lei.
A partir deste evento o poder do Império começou a se entrelaçar com o poder da igreja, e esta passou a receber verbas do Estado. Logo depois os bispos foram equiparados aos altos funcionários do Império e assim se iniciou a enorme e dispendiosa burocracia clerical - formada por bispos, diáconos e padres - que para ser mantida, como veremos, foram colocadas à venda desde indulgências até pedacinhos de madeira afirmando que procediam da cruz que do Gólgota iluminara o mundo.
Nos últimos decênios do IV século os gothas, sediados no império por concessão do imperador do oriente Flávio Valente, venceram o exército romano, penetraram na Tracia e ameaçaram Constantinopla. A paz foi obra do novo imperador do oriente, Teodosio I, que alem disso não só obteve que os gothas se aliassem ao império, mas que fornecessem os soldados que o exército romano necessitava.
Teodosio e Graziano, este último imperador do ocidente, com o Édito de Tessalonica, favoreceram o triunfo do cristianismo sobre o paganismo, fazendo do primeiro a única religião permitida no Império.
“Em 380 o imperador Teodosio, através do Edito de Tessalonica, impôs a todos os súditos do Império a religião católica “segundo ele aquela que o apóstolo Pedro havia transmitido aos romanos”, mas, em verdade, a que o Concílio de Nicéia havia delineado. A partir daquele momento os pagãos, os gnósticos, e entre estes os arianos, foram colocados fora da lei, e o catolicismo se transformou na religião oficial do Império”
Com a morte de Teodosio, em 395, o general Stilicone, a serviço de Roma, não conseguiu impedir a invasão dos gothas e o surgimento do primeiro reino bárbaro na Gália.
Em 410, Alarico, o rei dos visigodos, devastou o Oriente e saqueou Roma, mas os Vândalos - povos germânicos, e os Hunos - povos nômades asiáticos, também o fizeram sem que nenhum imperador conseguisse impedi-los.
Em 476, Odoacro, rei dos hérulos, invadiu a Itália e destronou Rômulo Augústulo. Tornando-se patrício, foi cercado em Ravenna por Teodorico que mandou matá-lo.

(14)- O IMPÉRIO DE TRAJANO, DIOCLECIANO E CÔMODOV

Ao longo do II século, em seqüência ao crescente processo de unificação do império, Roma perdeu seu caráter centralizado. Os imperadores destes anos, por não terem descendência, escolheram como seus sucessores pessoas efetivamente capazes, evitando, deste modo, dissidências internas e conjuras palacianas. Por estes motivos o império neste período alcançou sua fase máxima.
Trajano conquistou a Dácia e transformou toda a Mesopotâmia em uma província Romana, enquanto Adriano fortaleceu as fronteiras da Grã Bretanha. Mas, sob Marco Aurélio, a força do império declinou: as tribos germânicas dos Quados -que habitavam a Moravia atual, e os Marcomanos - aparentados com os suevos, invadiram a Itália. Houve guerras, e a paz foi assinada por Cômodo.
Depois de 42 anos de reinado da dinastia dos Severos, o império, por longos cinqüenta anos se manteve em um estado anárquico e amórfico, mesmo se nesse período se sucederam 21 imperadores. A economia entrou em crise e a cultura clássica declinou diante das novas doutrinas filosóficas, e pela difusão do Cristianismo. Coube a Diocleciano, imperador a partir de 284 d.C., a tentativa de recuperar o império.
Após a deposição de Domiziano, os conjurados proclamaram imperador o ancião senador Nerva, e este restaurou as finanças e iniciou uma política assistencial a favor das classes menos favorecidas, comportamento este que viria a caracterizar a atitude dos imperadores do II Século.
Nerva, em 97, adotou, designando-o seu sucessor, Trajano, comandante das tropas sediadas na Alemanha superior. De família senatorial e de origem espanhola (primeiro imperador não itálico), Trajano tornou-se imperador em 98 quando Nerva faleceu.
Na política externa entre 101 e 105 combateu os dacios, forçando-os a aceitar a paz, transformando a Dácia em província romana. Entre 114 e 116, depois de algumas vitórias, converteu também a Armênia e a Mesopotâmia em províncias romanas.
Governou em harmonia com o Senado e promoveu uma série de providências de caráter social, entre as quais, o perdão dos débitos em atraso relativos aos tributos que as províncias não haviam conseguido pagar, organizou uma caixa econômica para financiar os pequenos agricultores, e instalou inúmeras obras de estilo assistencial na Itália, na Espanha e na África. O custo destas obras, adicionado as grandes despesas militares, todavia, agravou a situação financeira do Império.
Atingido por uma grave enfermidade, Trajano morreu em Selinunte, na Cilícia (região situada no sudeste da Anatólia, Turquia), durante o percurso para retornar a Roma. Para sucedê-lo foi designado seu neto adotivo, Adriano. Este, consciente dos riscos que correria se tentasse expandir o império, preferiu consolidar as conquistas de Trajano, seu antecessor.
Na Grã-bretanha fez construir o Valo de Adriano (uma muralha defensiva de 117 Km. de extensão para defender à província das incursões dos povos setentrionais), e dentro do império favoreceu a colonização das terras incultas e aumentou a eficiência dos funcionários como um todo. Realizou inúmeras viagens de inspeção, cultura, e recreio nas diversas províncias do império, e entre os anos 132 e 135 reprimiu a rebelião hebraica de Simão Bar Kocheba.
Cultor de filosofia, poesia e arte, contribuiu para concluir a fusão da cultura romana, promoveu muitas obras arquitetônicas e se manteve tolerante com os cristãos.
Adriano em 138 foi sucedido por seu filho adotivo, Antonino Pio. Administrador eficiente, concedeu desagravos fiscais, impulsionou a malha estradal e a construção em geral, além de praticar, com convicção, a velha e tradicional religião romana (desta prática deriva o sobrenome pio). Na Grã-bretanha fez construir o Valo de Antonino.
Depois dele, foram nomeados imperadores os irmãos Marco Aurélio, este filho adotivo de Antonino Pio, e Lúcio Vero.
Em 165 os Partas invadiram a Síria e as fronteiras do império foram invadidos pelas tribos germânicas dos Quados e Marcomanos. Estes últimos voltaram a ser rechaçado entre 167 e 168 pelos dois imperadores. Lúcio Vero morreu em 169 e Marco Aurélio permaneceu como imperador.
No ano 175 foi ao Oriente para reprimiu a revolta de Avídio Cássio, que havia feito se proclamar imperador, e ao retornar a Roma celebrou o triunfo sobre as tribos germânicas, associando, logo depois, seu filho Lanúvio Comôdo ao poder com o amparo do Senado.
Na política interna, sempre com o aval do Senado, fortaleceu as finanças e desta forma conseguiu sustentar as acentuadas despesas militares que estavam ocorrendo. Em relação à religião, não tolerou os cristãos e os perseguiu. Homem de cultura, seguidor da filosofia estóica, escreveu uma importante obra composta de doze livros chamada “para si mesmo”, onde expôs os aspectos morais do estoicismo. Morreu de peste na fronteira com o Danúbio onde havia ido para enfrentar mais uma tentativa de invasão dos germanos.
Lanúvio Comôdo o substituiu com apenas dezenove anos e, diferentemente do pai, instaurou imediatamente uma violenta repressão contra o Senado. Odiado pela classe militar por ter pactuado a paz com os Quados e Marcomanos, acabou vitima de uma conjura planejada por Leto, o prefeito do Pretório, em 192.
Quando Comôdo morreu, o Senado elegeu o general Elvio Pertinax que, 87 dias depois, foi assassinado pelos pretorianos para substituí-lo por Dídio Juliano. Este permaneceu imperador até que o exército romano, acampado no Danúbio, em 193 proclamou imperador seu comandante Sétimo Severo.
Sétimo Severo guerreando os Partas conquistou Ctesifonte (cidade Assíria as margens do rio Tigre, residência invernal dos reis e depois dos Cassanídas), e entre 199 a 202 reconstruiu a província da Mesopotâmia.
Para sanear a crise econômica interna, centralizou o sistema das corporações que era responsabilidade do Estado, e diminuiu pela metade a quantidade de prata que era utilizada para cunhar moedas. Esta decisão lhe permitiu, utilizando a mesma quantidade de prata, emitir mais moedas.
Em Roma se manteve no poder através do terror e favoreceu os cultos orientais. Ao morrer, foram nomeados imperadores seus filhos Caracala e Geta, este último assassinado pelos pretorianos.
Caracala em 213 tentou obter favorecimento político através da expansão do império em detrimento dos Alamanos (membros da confederação das tribos germânicas sediados ao longo do Reno), e fazendo-se objeto de exaltação religiosa. Sua passagem pelo império foi assinalada pela “Constitutiuo Antoniniana” que em 212 estendeu a todos os súditos do Império o direito de cidadania romana, e pela construção, em Roma, das Termas de Caracala. Morreu em conseqüência de conjura movida pelo prefeito do pretório, Macrino, que o sucedeu em 217, depois que ele mandara matar mais de 20.000 pessoas.


Planta das termas de Caracala Ruínas das termas de Caracala Arte das ter. de Caracala

Morto Macrino, o poder voltou aos Severos através do jovem Heliogábalo. Sacerdote do deus Sol em Êmeso (cidade da Síria as margens do Oronte célebre pelo seu templo do Sol), não economizou energias para promover em Roma a sua religião. Em verdade, fez construir inúmeros templos aos deuses de tradição Egípcia.
Excedendo-se em extravagâncias, foi morto pelos Pretorianos em 222 e substituído pelo primo Alexandre Severo. Este, mesmo procurando conciliar-se com o Senado, devido à sua tendência pacifista, foi morto pelos militares em 235.
Os militares então elegeram imperador um centurião chamado Maximo (o primeiro imperador de origens humildes), e depois dele, morto por uma conspiração do Senado entre os anos 238 e 284 - período da anarquia militar - o poder passou pelas mãos de 21 imperadores dos quais 19 foram assassinados.
O Estado estava decaindo: grupos germânicos invadiam as fronteiras do império, e no Oriente a dinastia dos sassânidas (descendentes dos persianos), pressionava.
Ao longo do reinado de Galieno - 253-268 - algumas regiões que haviam se organizado autonomamente, mesmo permanecendo fiéis ao império, conseguiram conter o avanço inimigo. Deste modo, as fronteiras entre o Reno e o Danúbio foram restabelecidas.
A anarquia militar deste período foi interrompida pelos imperadores ilíricos, assim chamados porque eram todos originários da Dalmácia -região da Iugoslávia. Valentes guerreiros que, além de impor a mais rígida disciplina até então conhecida pelos exércitos romanos, permaneceram fiéis aos ideais de Roma. Entre eles os principais foram:
· Cláudio II, chamado o Gótico - 268-270 - pelas suas vitórias sobre os Gotas e os Alamanos.
· Aureliano, - 270-275 - que continuou a obra de seu predecessor, além di cintar a cidade de Roma com altas muralhas: muralhas Aurelianas.
· Probo, - 276-282 - e Caro - 282-283 - que continuaram a defender o império contra as invasões bárbaras que se tornavam cada vez mais freqüentes.
A retomada definitiva teve inicio com Diocleciano. Imperador desde 284, dividiu o poder com Maximiliano a quem confiou a tarefa de governar o ocidente.
Domada uma rebelião no Egito, Diocleciano dedicou-se a reorganizar o império. Repartiu o território em doze dioceses, cada uma com mais do que uma província, e tentou consolidar as finanças estabelecendo um teto para os preços e os salários, além de impor uma dupla taxação, ou seja, um imposto sobre a propriedade e o outro sobre a pessoa.
Em 293 criou a chamada tetrarquia, em base a qual o poder foi dividido entre dois “augustos”: ele mesmo e Maximiliano, e dois “Cezar”, os que haviam sido designados para sucedê-los que eram Galério - genro de Diocleciano e Constâncio Cloro - pai de Constantino I.
Dez anos depois, em 303, diante da oposição suscitada pela sua tentativa de se divinizar como imperador, elaborou uma série de editoriais com o objetivo de perseguir os cristãos. Em 305, enfermo, ele e Maximiliano abdicaram do poder em favor dos dois Cezars.

(13)-PRINCIPADO DE AUGUSTUS

A instabilidade política ao longo do último século da Republica e os inúmeros conflitos civis, demonstravam, sobejamente, que o sistema de governo já não era mais adequado. No coração romano havia um sentimento que bramava pela paz, mas a classe dirigente, se por um lado não admitia a extinção das instituições existentes, do outro, considerava a monarquia absoluta uma negação da liberdade.
Otaviano soube interpretar a o que pairava no ar. Seu poder, obtido através do acumulo de diversas magistraturas com prerrogativas juridicamente bem definidas, centrava-se no respeito formal as tradições institucionais republicanas e não era transmissível hereditariamente. A solidez do governo de Otaviano, agora nomeado Augusto, fora determinada pela irrestrita adesão do povo ao seu programa de governo como agradecimento por ele ter instaurado a paz.
Augusto, e os seus mais estreitos colaboradores, se empenharam em uma minuciosa atividade de propaganda ideológica, cujo objetivo era a paz civil - Pax Augusta - e através dela, a recuperação e a renovação da gloriosa história de Roma.
A nova ordem moral e a retomada da religião tradicional, que como vimos era pagã, fortalecidas por mensagens disseminadas pelos letrados e artistas protegidos pelo próprio Augusto, tornaram este imperador ainda mais poderoso.

Depois da vitória contra António, em Accio, Otaviano procurou consolidar seu poder evitando atitudes que fizessem suspeitar que desejava o poder absoluto. Em janeiro de 27 a.C., o Senado confirmou-lhe as atribuições precedentes e lhe atribuiu o poder militar, “imperium”, por dez anos, alem do governo de inúmeras províncias, recebendo, além disso, o título de “Augustus”, termo que indicava uma autoridade quase sagrada, sublinhando-lhe, ainda, a dignidade e outras honorárias simbólicas.
De 31 a 23 a.C. permaneceu ininterruptamente Cônsul, e, como o cargo não era vitalício, em 23 a.C. obteve do Senado outra distinção: “imperium proconsulare maius et infinitum” ou seja, um amplo poder sem limites temporais sobre as províncias e sobre o exército superior, aquele dos proconsules. Em outras palavras, a totalidade dos poderes dos Tribunos com direito de veto e faculdade de propor e fazer aprovar leis que ele mesmo, como “princeps senatus” (chefe do Senado), tinha o direito de fazer aprovar.
No ano de 23 a.C., portanto, haviam sido postas as bases constitucionais para o principado; outras conotações essenciais ao novo regime tomaram corpo depois, como o pontificado máximo, em 12 a.C., após a morte de Lépido, e o titulo de pai da pátria dez anos depois.
Na área militar, reduziu as sessenta legiões que existiam a 28, e constituiu uma guarda pessoal do príncipe (guarda pretoriana), comandada por dois prefeitos da classe dos cavaleiros. No ano 6 d.C., colocou os veteranos na reserva, solicitou a fundação de colônias e a instituição de um erário militar.
Na política, Augusto reforçou os limites setentrionais do Império com uma série de campanhas militares e com a constituição de novas províncias: a Norica - a área entre o Danúbio e os Alpes Cárnicos, a Panónia - a região entre o Danúbio, a Norica e a Ilíria (atual Hungria) a Mesia - parte da Bulgária e antiga Tracia, e a Rézia - o Trentino, alto Adige e parte da Suíça.
A tentativa de invadir a Alemanha, além do Reno até o Elba, foi interrompida pela insurreição de tribos germânicas no ano 9 d.C. guiadas por Armínio, chefe dos queruscos, conhecido como Hermann. Assim sendo, a divisa natural permaneceu sendo o Rio Reno.
Na área administrativa Augusto reformou os serviços da polícia, da cobrança de impostos, instituiu censos periódicos, nomeou um prefeito para organizar a administração da cidade de Roma, dividiu a Itália em doze regiões e assumiu o controle das províncias tornando-as todas “Imperiais”.
O Senado, mesmo tendo perdido importância política, foi envolvido na administração do Império. Do Senado advinham os proconsules, que eram os administradores das províncias públicas, os comandantes dos exércitos, os responsáveis pelas obras públicas, os curadores e ainda o “praefectus urbi”, um prefeito urbano que exercia os poderes de policia.
Só os Senadores mais ricos, ou seus filhos, tinham a oportunidade de seguir a carreira política, o “cursus honorum” até galgar os cargos mais altos, ou seja, da prefeitura ao Consulado. Os Cônsules, geralmente depois de seis meses ou até menos do que isso, abandonavam seus cargos cedendo seu posto a substitutos (suffecti), garantindo, desse modo, uma continua substituição de pessoas nestes cargos para a satisfação dos que a eles aspiravam.
Aqueles que possuíam um capital mínimo de 400.000 sestécios (moeda de cobre romana), por direito de família ou por concessão do Imperador, podiam aspirar à carreira Eqüestre - os cavaleiros. Os cavaleiros podiam chegar a serem governadores “praefecti” e administradores fiscais das províncias imperiais. Além disso, tinham acesso ao cargo de “prefetto del pretório” (chefe da guarda pessoal do Princeps), ou na prefeitura do Egito - província considerada de domínio pessoal de Augusto.
Augusto criou ainda uma espessa rede de funcionários pelos quais controlava a atividade dos órgãos republicanos e governava as províncias imperiais. Estes eram nomeados e dependiam diretamente de Augusto, aos quais ele mesmo dava uma retribuição, diferentemente do que acontecia com os magistrados da República, que desenvolviam as tarefas que lhe eram atribuídas gratuitamente. O plano de carreira dos funcionários previa promoções por mérito, e entre estas, a que permitia o acesso ao Senado.
Augusto conseguira criar ao seu redor um clima de contínuo consenso, alem de reconhecimento pela paz que ele finalmente fizera retornar depois de longos anos de intermináveis lutas, de persecuções entre adversários políticos e de instabilidade administrativa.
Este consenso, também frutificou da institucionalização de uma intensiva campanha de propaganda com o escopo de apresentar Augusto como sendo o restaurador da velha ordem, e dos antigos valores morais e religiosos romanos. Estas mensagens eram amplamente difundidas por intermédio de todos os canais de comunicação então disponíveis - epígrafes, moedas, objetos de arte e monumentos, além das atividades do círculo de Mecenas que incentivava as letras e as artes protegendo artistas e letrados como Virgílio, Horácio, Propércio, Livio, Tibulo e outros.
Augusto restabeleceu os cultos religiosos arcaicos, e para isso comandou a restauração dos velhos templos que estavam em ruína, e a reorganização dos colégios sacerdotais dos quais ele mesmo fez parte. Entre estes templos havia os dedicados aos deuses Osíris e Isis, divindades egípcias que haviam sido trazidas a Roma depois da conquista do Egito, e que já participavam do seu Panteon.
Este novo equilíbrio permitiu a retomada da vida civil e da economia: foram restaurados velhos edifícios e construídos novos para embelezar a cidade. Surgiram inúmeros templos, Basílicas, praças e pórticos. O Pantheon, o teatro de Marcelo, a Arapacis, e muitos dos que até hoje continuam demonstrando a pujança histórico- artística de Roma.

(12)-FIM DA REPÚBLICA E DOS TRIUNVIRATOS

Em 60 a.C, depois da morte de Sila, Pompeu, Crasso e Cezar se uniram e dividiram entre si o cargo, o primeiro triunvirato, e se opuseram à oligarquia dos Senadores. Morto Crasso, Cezar e Pompeu se enfrentaram. Cezar entrou em Roma com o seu exército e Pompeu fugiu para Epiro, o ex-reino do rei Pirro.
O choque na Tessália, entre Cezar e Pompeu, se deu em 48 a.C. e Cezar, por ter sido o vencedor, retornou triunfalmente à Itália onde obteve domínio inconteste. Morto nos idos de março pelos republicanos Bruto e Cássio, estes foram perseguidos e vencidos por António e Otavio. Enquanto Bruto se suicidava, estes, convidaram Lépido e constituíram o segundo triunvirato.
Com a vitória de Otavio sobre António, em Azio, sob vários aspectos terminaram as infindáveis intrigas pós republica, e ao inevitável tentame de autoridade do novo governo, correspondeu uma tentativa de restauração moral e religiosa. Esta, objetivava apresentar para a opinião pública uma nova ordem com o objetivo de restabelecer e dar continuidade às velhas tradições romanas.
O jovem Gneu Pompeu, enquanto oficial de Sila, conseguira se colocar em evidencia devido a três feitos: em 77 a.C., afirmara que Marco Emilio Lépido, na Etruria e na Gália Cisalpina, havia tentado abolir a constituição Silana. Isso posteriormente foi confirmado. Em 73 a.C., dominou uma revolta de escravos, na Itália, liderada por Spartaco, quando essa já havia sido enfrentada, sem sucesso, pelo General Marco Licino Crasso, e um ano depois debelou a insurreição dos lusitanos comandada por Quinto Sertorio.
Pompeu e Crasso haviam sido eleitos Cônsules em 70 a.C., e, com a finalidade de diminuir o poder do Senado, restituíram a autoridade aos Tribunos e o controle dos processos aos cavaleiros. Nesta epoca, porem, um outro nome estava emergindo: o orador Marco Túlio Cicere, porque conseguira fazer condenar Verre, o ex-governador da Sicília, por ter praticado muitos desfalques.
Em 67 a.C., Pompeu, no comando de uma potente frota de navios, venceu os piratas que, por terem passado a operar no Mediterrâneo, estavam causando crescentes prejuízos em mercadorias, homens e navios.
Em 66 a.C., Mitridates, rei de Ponto, tentou uma nova ofensiva contra Roma. Pompeu foi enviado ao oriente e, depois do suicídio do Rei, conquistou a região, transformou a Síria e a Judéia em províncias romanas e ainda dominou a Armênia e a Bitinia.
Enquanto em Roma o partido dos Populares apoiava Caio Julio Cezar, um aristocrático simpatizante de Mario, uma outra personagem estava se tornando popular porque prometia ampliar a cidadania, cancelar dividas e distribuir novas terras. Era Lúcio Sérgio Catilina, um seguidor de Sila, que acabou sendo desmascarado e destruído por Cícero em 63 a.C., durante uma seção no Senado - as famosas quatro orações Catilinárias pronunciadas por Cícero, obrigando-o a fugir para a Etruria onde pouco depois foi vencido e morto em uma batalha.
De volta do oriente Pompeu dissolveu o exército e renunciou a instaurar uma ditadura. Contestado pelo Senado a respeito das suas atividades na Ásia, aliou-se a Julio Cezar e Crasso para compor o primeiro Triunvirato.
Cezar, eleito Cônsul em 59 a.C., fez aprovar pelo senado a distribuição de terras aos veteranos de Pompeu, e no ano seguinte, foi nomeado governador da Gália Cisalpina e Narbonensis. Chegado a Gália em 58 a.C., obrigou os helvécios a renunciar a Gália Narbonensis, e ao príncipe germânico Ariovisto, chefe dos suevos, ao protetorado sobre os Éduos - um dos povos da Gália. Como já havia vencido os belgas e os aquitanios - uma região histórica da França - reorganizou a inteira Gália em uma nova província romana.
No convenio de Luca, em de 56 a.C., Cezar obteve o comando da Gália por mais cinco anos, enquanto Pompeu e Crasso foram reeleitos Cônsules.
Em 53 a.C. Crasso morreu na batalha contra os Partos (antigo povo sciita iranizado), que se havia estabelecido no Sul da Hircánia em 250 a.C., construindo no local um reino poderoso que permanecera intocado até 224 d.C., para depois passar a fazer parte do Império dos Sassânidas quando estes venceram o exército romano na Síria.
Morto Crasso, permaneceram Cezar e Pompeu. Cezar se preparava para conquistar a Bretanha quando foi obrigado a voltar à Gália para enfrentar a revolta de Vercingetórige - chefe Gaulês da região dos avernos - proclamado líder da coalização dos povos gauleses contra Julio Cezar. Vencendo-o em 52 a.C., Cezar restabeleceu à paz na inteira Gália.
Enquanto em Roma continuava a luta entre os populares e os conservadores, o Tribuno Publio Clódio, seguidor de Cezar, fez exilar Cícero, que depois foi chamado de volta por Pompeu. Mas quando as dificuldades se transformaram em tumultos, o Senado encarregou Pompeu de restabelecer a ordem. Para exercer esta tarefa se fez eleger Cônsul único em 51 a.C.
Cezar permaneceu na Gália até 49 a.C., quando o Senado lhe enviou um ultimato impondo-lhe que abandonasse a província. Atravessado o rio Rubicão (o rio que separa a Itália da Gália Cisalpina), Cezar decidiu não aceitar a imposição do Senado. Revoltou-se e marchou sobre Roma. La chegando, iniciou a guerra civil. Pompeu e os senadores fugiram para o oriente com o objetivo de se protegerem, enquanto reorganizavam o exército. Concluída a tarefa, prepararam-se para enfrentar Cezar. O choque decisivo como vimos aconteceu na Farsália, cidade da Tessália - Grécia - em 48 a.C. Nesse confronto, enquanto Cezar derrotava as tropas de Pompeu, este fugiu e se refugiou no Egito sob a proteção do rei Ptolomeu XIV. Perseguindo-o, Cezar teve que enfrentar o rei Ptolomeu, e depois de vencê-lo o matou para entregar o trono a Cleópatra, sua irmã, da qual se tornou amante. Cezar, ainda em 47 a C., venceu, perto da cidade de Zela - na África - Fárnaces II, filho de Mitridates e rei do Bósforo Cimeriano, e na Espanha, entre 46 a 45 a.C., esmagou definitivamente a resistência dos seguidores de Pompeu.
De volta a Roma, já sem rivais, se dedicou a inúmeras reformas econômicas e sociais. Cônsul desde 48 a.C., dois anos depois foi nomeado ditador pelo período de dez anos, e no inicio de 44 a.C. ditador vitalício.
Seu imenso poder provocou ciúmes e ressentimentos em alguns figurões do seu próprio partido, os quais, nos ides de março, 15-03-44 a.C., durante uma reunião no Senado, o mataram. Os responsáveis foram os republicanos Bruto e Cássio.
A sucessão de Cezar foi disputada por António, general de Cezar, e Otavio, um jovem adotado por César chamado Gaio Julio Cezar Otaviano.
No inicio, Otaviano procurou enfrentar o rival, mas, percebendo a oposição do Senado, depois de ter sido nomeado Cônsul, aliou-se a ele com outro General chamado Marco Emilio Lépido. Constituiu-se, assim, o segundo Triunvirato, que assumiu o compito de elaborar uma nova constituição. Todos os rivais de Cezar entraram nas listas de proscrição, e as primeiras vitimas foram Cícero, Bruto e Cássio. Em seguida os três triúnviros dividiram o Império: António recebeu a Gália e o Oriente, Lépido a África, e Otaviano, mesmo permanecendo na Itália, a Espanha.
Em seguida ao choque entre Otaviano e os seguidores de António que permaneceram na Itália, foi fechado um novo acordo em Brindisi em 40 a.C., através do qual Antonio renunciava a Gália. Lépido, que havia ajudado Otaviano a tirar de Sexto Pompeu Magno, filho de Gneo, a Sicília, a Sardenha e a Córsega, exigiu para si a Sicília. Otaviano, aborrecido, tirou dele a África e o expulsou do Triunvirato deixando-lhe só o cargo de Pontífice máximo. Otaviano, então, tornou-se o senhor do ocidente enquanto António passava a sê-lo do oriente. Em 37 a.C. António casou-se com Cleópatra, esquecendo o compromisso que havia assumido de casar com Otávia, irmã de Otaviano. Este, aborrecido com e decisão de António (era um defensor dos austeros valores romanos), não somente o chamou a atenção, mas o responsabilizou pelos insucessos contra os Partas. Como Antonio apesar da pressão não voltou atrás, Otaviano induziu o Senado a privar António do seu cargo e declarar guerra ao Egito.
A batalha naval decisiva aconteceu em Accio (promontório da Grécia na entrada do golfo de Ambrácia, hoje golfo de Arta) em 31 a.C. Nesta oportunidade, o general Agripa que já se havia distinguido na guerra contra Sexto Pompeu, no comando das legiões de Roma, obteve uma grande vitória obrigando António e Cleópatra a fugirem de Alexandria. Os dois se mataram alguns meses depois ao saberem que Otaviano e suas tropas estavam chegando. O Egito, então, foi transformado em uma província romana e Otaviano, retornando a Roma em 29 a.C., foi recebido e aclamado como um grande conquistador.

(11)-CRISE DA REPÚBLICA

Profundas mudanças aconteceram em Roma depois das guerras púnicas e a conquista da Grécia e do Oriente, e estas mudanças foram causadas pela difusão da cultura helenística. Naquela epoca muitos artistas gregos deixaram sua pátria e se estabeleceram em Roma, enquanto os romanos ricos passaram a transcorrer cada vez mais tempo na Grécia e no Oriente. Estes fatos alteraram drasticamente os valores morais dos romanos.
Os ricos senadores começaram a se apossar das terras do Estado, independentemente das reclamações dos patrícios, enquanto a classe media, sobretudo os pequenos agricultores que além disso eram os que constituíam a força do exército, iam se empobrecendo cada vez mais. Para solucionar estas dificuldades, Tibério e Caio Gracco se esforçaram para tentar promover uma reforma agrária, reforma essa que, além de não ser aceita, transformou-se em um banho de sangue.
Depois de dez anos de paz, garantidos pelos senadores oligárquicos, começou um período difícil no qual a rivalidade dos partidos políticos ocasionou a primeira guerra civil, tendo por um lado Silas - liderando os mais favorecidos, e do outro Mario - defendendo os interesses do povo. Silas levou a melhor, mas, depois de ter restaurado o poder dos patrícios e desautorizado aqueles que defendiam a plebe, retirou-se para a vida privada e pouco depois morreu. Roma estava diante da segunda guerra civil.
O encontro com as culturas helenísticas, determinado pela extensão do domínio romano até a Grécia, a Macedônia e parte da Ásia Menor, provocou em Roma uma cisão, e por conseguinte, a formação de duas correntes: a conservadora de Marco Porcio Catone - que defendia o retorno aos antigos costume e valores romanos, e a inovadora, promovida pelo circulo dos Cipiões que, mesmo não negando os antigos costumes e valores, apreciavam a cultura grega a ponto de importar seu patrimônio.
A classe dirigente, a dos Senadores, se enriquecera e consolidara seu poder durante as guerras, enquanto que a média empobrecera, mas enquanto estas duas se afastavam, outra classe nascera: a dos cavaleiros (ordem eqüestre) e esta começou a exigir do Senado o que julgava que era seu direito.
As grandes riquezas que afluíam das regiões conquistadas, permitiram aos ricos adquirir do Estado romano grandes extensões territoriais nas regiões que haviam sido confiscadas aos povos vencidos. A abundância de terras, como se repetiria sucessivamente ao redor do mundo, criou a necessidade de braços para explorá-la, de tal modo sendo, a partir daquele momento em Roma começou a se difundir o latifúndio e a escravidão. Além disso, muitos pequenos proprietários empobrecidos, passaram a migrar para Roma sonhando enriquecer, ou, na pior das hipóteses, melhorar suas condições econômicas.
A primeira tentativa de reforma foi liderada por Tibério Gracco, um patrício eleito tribuno pela plebe no ano 133 a.C., e a sua proposta, que era reeditar a lei que proibia a quem quer que fosse de possuir mais de 125 hectares de terras públicas, foi derrubada pela aristocracia senatorial. Depois da derrota, Tibério foi assassinado em um tumulto e seus seguidores foram condenados à morte.
Estes acontecimentos afligiam os itálicos, porque estes se por um lado se viam tolhidos de suas terras, do outro, por não serem cidadãos romanos, não tinham o direito de pleitear outras. Muitos itálicos se rebelaram, mas estes foram duramente punidos.
Em 123 a.C., Caio Gracco, irmão menor de Tibério, depois de ter sido eleito tribuno, envolveu-se em reformas ainda mais radicais das que haviam sido cogitadas por seu irmão. Primeiramente buscou o apoio da classe eqüestre, os cavaleiros, organizando-se para que estes tivessem presencia maior do que os senadores nos tribunais, e para ganhar o favorecimento da plebe, promoveu a fundação de novas colônias e propôs a ”Lex frumentaria”, um estatuto para que os cidadãos menos favorecidos recebessem trigo a preço subsidiado.
No seu segundo mandato como tribuno, Caio Gracco apresentou um projeto para conceder a cidadania romana aos itálicos. Os senadores, que não o queriam, fortaleceram o tribuno Livio Druso para sobrepujá-lo por meio de reformas demagógicas: a abolição do cânone que proibia a locação de terras pelos pequenos proprietários e a fundação de novas colônias. Sua atuação acabou por ofuscar a popularidade de Caio. Não satisfeitos, em clima de tensão e conflitos internos, em 121 a.C. o Senado aprovou o “Senatus consultum ultimum”, um procedimento que conferia aos cônsules, entre os quais Lucio Opimio adversário de Caio, plenos poderes para defender o Estado com o meio que julgassem oportunos. Caio Graco, vencido, pediu a seus servos que o matassem. Em seguida, seus seguidores, aproximadamente 3000, foram massacrados.

Em breve os abusos da autoridade e do poder embriagaram a cidade valorosa. Toda a sede do governo parecia invadida por uma avalancha de forças perversoras, das mais baixas esferas dos planos invisíveis.
A família romana, cujo esplendor espiritual conseguiu atravessar todas as eras, iluminando os agrupamentos da atualidade, parecia atormentada pelos mais tenazes inimigos ocultos, que, aos poucos, lhe minaram as bases mais sólidas, mergulhando-a na corrupção e no extermínio de si mesma, dada a auxencia de vigilância de suas sentinelas mais avançadas. Denso nevoeiro obscurecia todas as consciências, e a sociedade alegre e honesta, rica de sentimentos enobrecedores, foi pasto de crimes humilhantes, de tragédias lúgubres e miserandos assassinos. As classes abastadas aproveitavam a pletora de poder instalando-se no carro da opressão, que deixava atrás de si um rastro fumegante de revolta e de sangue. Os Gracos, filhos da veneranda Cornélia, são quase que os derradeiros traços de uma epoca caracterizadas pela administração enérgica, mas equânime, cheia de honestidade, de sabedoria e de justiça.
Fonte: livro “A Caminho da Luz” pelo espírito Emmanuel
E psicografado por Francisco Candido Xavier

Eliminados os irmãos Graccos, a oligarquia senatorial, buscando favorecer os cavaleiros e o povo através de pequenas concessões, ganhou prestígio.
Entre o ano 125 e 118 a.C., Roma reduziu a Gália meridional a uma província, e logo depois teve que intervir na África - na Numídia - onde Jugurta, apos ter assediado a cidade de Cirta e usurpado o trono de Aderbal, seu rei (que havia solicitado ajuda à Roma), massacrara os romanos e itálicos que la residiam.
Em 111 a.C. iniciou a guerra que se estendeu até 107 a.C. quando o comando passou para o Cônsul Caio Mario, apoiado por Cornélio Sila. Coube a Sila vencer e aprisionar Jugurta, que havia se tornado o rei da Numídia, para que fosse justiçado (morreu na prisão em 104 a.C.), mas findo o conflito, as honras foram atribuídas a Caio Mario que foi reeleito Cônsul, enquanto Sila, revoltado, nem foi lembrado.
A força política do Cônsul Caio Mario, tornou-se ainda maior depois que conseguiu que os voluntários que serviam o exercito, até então sem soldo, também recebessem um salário. Esta estratégia, aliada a um programa avançado de adestramentos e ao aprimoramento das táticas de guerra, permitiu a Mario, reeleito Cônsul em 103 a.C., vencer os Cimbri e os Teutoni, populações germânicas que invadiam as regiões limítrofes setentrionais.
No ano 100 a.C. o tribuno plebeu Lucio Apeleio Saturnino, apoiado pelo pretor Gaio Servilio Gláucia, fez aprovar uma lei para distribuir gratuitamente terras na Gália Cisalpina aos veteranos do exercito de Mario. O Senado, contrariado, ordenou que Mario se “livrasse” de Lucio e Gaio, mas quando este mandou matá-los o partido dos plebeus se revoltou. Mario, então, teve que abandonar a vida pública e se transferiu para a Ásia.
O partido dos ottimati, que reunia os políticos e os ricos, governou sem dificuldades por cerca de dez anos, entretanto, em 91 a.C., Livio Druso, filho do Druso de quem já falamos, elegeu-se Tribuno, e como tal, defendendo as idéias que já haviam sido propostas pelo pai, sugeriu que alguns cavaleiros fossem promovidos a Senadores, e que aos Itálicos fosse concedida à cidadania romana. O Senado, aborrecido, mandou matá-lo, mas esta atitude revoltou os Itálicos que se insurgiram para exigir a sua independência. Com esta finalidade muitas populações, guiadas pelos Mársios e Sanitas, se uniram e criaram um Estado Federal Itálico e a Capital, sediada em Corfinio, foi chamada Itálica.
Quando isso aconteceu, os romanos chamaram Mario, que continuava na Ásia, para combater os Mársios, enquanto as demais operações militares contra o novo Estado Federal Itálico foram conduzidas por Pompeu Strabone e Cornélio Sila, este ultimo eleito em 88 a.C. quando em Roma o Senado decidira conceder a cidadania romana a todos os itálicos que não se haviam rebelado, e para aqueles que, integrando o exercito rebelde, depusessem as armas. Mesmo assim, a luta continuou até que no ano 80 a.C. os Sanitas foram domados.
Neste mesmo período, Mitridates, rei de Ponto (antigo reino no nordeste da Ásia Menor independente dos Persas desde 302 a.C.), estava se preparando para liderar uma rebelião, da qual tomavam parte todos os Estados gregos e asiáticos que lhe eram dependentes, contra Roma. O senado, quando o soube, enviou um exercito comandado por Sila, enquanto o Tribuno Sulpicio Rufo, que tinha elaborado um projeto para dividir os itálicos nos mesmos 35 grupos que existiam antes de se revoltarem, e não em um número maior como alguns queriam, ao seu projeto anexou outro no qual propunha aos tribunos e cavaleiros que Mario fosse enviado para a Ásia Menos para substituir Sila. Estes, que não viam Sila com bons olhos, aprovaram os dois projetos imediatamente.
Sila, no entanto, não somente não acatou a decisão de Roma, mas enfrentou as forças o exercito de Mario. Vencido, enquanto fugia, Sila marchou sobre Roma e restabeleceu o poder anterior. Anos depois, em 87 a.C., o Senado ratificou Sila no comando do exercito destinado ao oriente cujas tropas, tempo depois, na Grécia venceram e saquearam a cidade de Atenas porque esta se havia aliado a Mitridates.
Mario, porem, inconformado com a derrota, ajudado pelo Cônsul Lucio Cornélio Cinna, constituiu e comandou um novo exército que depois de invadir Roma matou seus inimigos. Um ano depois, em 86 a.C., Mario morreu.
Sila venceu Mitridates, e em 83 a.C. voltou para a Itália. Auxiliado por Gneu Pompeu, combateu os seguidores de Mario e os itálicos. Vitorioso, se fez nomear ditador e inicio um sem numero de ferozes repressões contra todos seus adversários: confiscou muitas terras, que doou a seus soldados, e enriqueceu as custas daqueles que perseguiu. Devolveu o poder ao Senado, e por redundância limitou o dos tribunos e cavaleiros. Poucos anos depois abdicou do status de ditador e se retirou.

Depois de Caio, assassinado no Aventino, embora se fizesse supor um suicídio, instala-se definitivamente um regime de quase completa dissolução das grandes conquistas morais realizadas.
Sobe Mario ao poder, depois da vitória contra os germanos, que haviam, por sua vez, invadido o território das Gálias. Mas os antagonismos sociais levam Sila ao poder, travando-se lutas cruentas, como vésperas escuras de sangrentas derrocadas. Em seguida, surgem Pompeu e a revolução de Catilina, muito conseguindo a prudência de Cícero em favor da segurança da cidade. Verifica-se, logo após, o primeiro triunvirato com a política maneirosa de Caio Julio Cezar, que se alia a Pompeu e a Crasso para as supremas obrigações do governo.
As citações históricas, todavia, desviariam os objetivos do nosso esforço. Nossa intenção é mostrar que o determinismo do mundo espiritual era o do amor, da solidariedade e do bem, mas os próprios homens, na esfera relativa de suas liberdades, modificaram esse determinismo superior, no curso incessante da civilização.
Os generais romanos podiam conquistar a ferro e fogo, desviando-se dos objetivos mais sagrados dos seus deveres e obrigações, levando aos outros povos, pela força das armas, os liames que somente deveriam utilizar com a sua cultura e experiência de vida; mas seus atos originaram os mais amargos frutos de provação e sofrimento para a humanidade terrestre, e é por isso que, em sua quase totalidade, entraram no plano espiritual seguidos de perto pelas suas numerosas vitimas, entre as vozes desesperadas das mais acerbas acusações. Muitos deles, decorridos decênios infindáveis de martírios expiatórios, podiam ser vistos sem as suas armaduras elegantes, arrastando-se como vermes ao longo das margens do Tibre, ou estendendo as mãos asquerosas, como mendigos detestados do Esquilino.
Fonte: livro “A Caminho da Luz” prelo espírito Emmanuel
e psicografado por Francisco Candido Xavier

(10)- GUERRAS PÚNICAS

Cassado o ultimo rei, Tarquínio o Soberbo, a monarquia foi substituída por um governo republicano de caráter aristocrático, e naquele período Roma teve que combater contra Porsena, o rei etrusco que tentava restabelecer a monarquia, e contra as populações latinas que se preocupavam com o crescimento de Roma.
Esta conjuntura provocou alterações entre as duas classes sociais, que como vimos eram os patrizi e os plebeus. De fato, mesmo se o poder legislativo, executivo, judiciário e militar, era exercido por magistraturas diferentes, em substância, estavam sempre nas mãos de cidadãos pertencentes à classe dos patrizi, enquanto os plebeus permaneciam exclusos. Este estado de coisas provocou uma revolta que em seguida se transformou em lutas internas que se prolongaram por vários anos, até que os plebeus obtiveram algumas concessões: o acesso ao cargo de cônsul, a tribuna, a geração de leis escritas e o cancelamento da proibição de casamentos entre as duas classes.
Neste mesmo período, o exército romano depois de rechaçar a invasão dos gauleses, no Norte, preparou-se e obteve novas conquistas na Itália meridional: venceu os Sanniti e ocupou Taranto e a Magna Grécia.
Segundo a tradição, Tarquínio o Soberbo fora cassado pela revolta do nobre Colatino, cuja esposa havia sido ultrajada por Sesto, seu filho. No entanto, as razões eram bem mais profundas: Roma estava crescendo e o rei não conseguia mais fazer frente a todas as suas responsabilidades; seu governo ficara déspota e os patrizi haviam perdido o poder político.
Foi no ano de 510 a.C. que Roma expulsou a dinastia dos Tarquínios, libertando-se, assim, da dominação etrusca. Nascia a republica Consular: eram dois Cônsules que de trinta em trinta dias se alternavam no comando, possuindo, entretanto, o recíproco poder de veto em relação às decisões. Alem disso, estavam também sujeitos ao Senado, com o qual deviam se aconselhar nos casos de maior gravidade. Ao termino do seu mandato, tanto podiam ser confirmados por mais um período, como substituídos. Lucio Giunio Bruto e Lucio Tarquínio Collatino, foram os dois primeiros Cônsules da Republica Romana.
Para os Romanos era uma mudança radical, porque mesmo se os patrizi permaneciam com força política, o poder não estava mais nas mãos de uma única pessoa como havia sido durante a monarquia. Mesmo assim, nem todos apoiavam a mudança, porque Tarquínio o Soberbo, do exílio, continuava utilizando sua riqueza para corromper senadores e amigos influentes para que estes lhes preparassem o retorno. A esse movimento logo adeririam até os filhos do cônsul Lucio Giunio Bruto: Tibério e Tito.
Tempo depois, devido à delação de um servo chamado Vindicio, documentos que comprovavam que os filhos de Lucio Giunio Bruto, Tibério e Tito, estavam entre os que lideravam a revolta, foram entregues ao seu Pai. Este, ao tomar ciência do fato, submeteu o caso ao Senado, entretanto, a decisão foi unânime: para preservar a Republica, e Roma, coube a ele ordenar a morte de todos os lideres da rebelião, e entre eles, seus próprios filhos. Apuradas as demais responsabilidades, até o Cônsul Lucio Tarquínio Collatino foi expurgado, acusado de ter sido demasiadamente condescendente com os conspiradores. Foi substituído por Publio Valério que em pouco tempo se tornou tão popular como Bruto.

(9)- DOS GAULESES Á EXPANSÃO DA PENÍNSULA

Cassado o ultimo rei, Tarquínio o Soberbo, a monarquia foi substituída por um governo republicano de caráter aristocrático, e naquele período Roma teve que combater contra Porsena, o rei etrusco que tentava restabelecer a monarquia, e contra as populações latinas que se preocupavam com o crescimento de Roma.
Esta conjuntura provocou alterações entre as duas classes sociais, que como vimos eram os patrizi e os plebeus. De fato, mesmo se o poder legislativo, executivo, judiciário e militar, era exercido por magistraturas diferentes, em substância, estavam sempre nas mãos de cidadãos pertencentes à classe dos patrizi, enquanto os plebeus permaneciam exclusos. Este estado de coisas provocou uma revolta que em seguida se transformou em lutas internas que se prolongaram por vários anos, até que os plebeus obtiveram algumas concessões: o acesso ao cargo de cônsul, a tribuna, a geração de leis escritas e o cancelamento da proibição de casamentos entre as duas classes.
Neste mesmo período, o exército romano depois de rechaçar a invasão dos gauleses, no Norte, preparou-se e obteve novas conquistas na Itália meridional: venceu os Sanniti e ocupou Taranto e a Magna Grécia.
Segundo a tradição, Tarquínio o Soberbo fora cassado pela revolta do nobre Colatino, cuja esposa havia sido ultrajada por Sesto, seu filho. No entanto, as razões eram bem mais profundas: Roma estava crescendo e o rei não conseguia mais fazer frente a todas as suas responsabilidades; seu governo ficara déspota e os patrizi haviam perdido o poder político.
Foi no ano de 510 a.C. que Roma expulsou a dinastia dos Tarquínios, libertando-se, assim, da dominação etrusca. Nascia a republica Consular: eram dois Cônsules que de trinta em trinta dias se alternavam no comando, possuindo, entretanto, o recíproco poder de veto em relação às decisões. Alem disso, estavam também sujeitos ao Senado, com o qual deviam se aconselhar nos casos de maior gravidade. Ao termino do seu mandato, tanto podiam ser confirmados por mais um período, como substituídos. Lucio Giunio Bruto e Lucio Tarquínio Collatino, foram os dois primeiros Cônsules da Republica Romana.
Para os Romanos era uma mudança radical, porque mesmo se os patrizi permaneciam com força política, o poder não estava mais nas mãos de uma única pessoa como havia sido durante a monarquia. Mesmo assim, nem todos apoiavam a mudança, porque Tarquínio o Soberbo, do exílio, continuava utilizando sua riqueza para corromper senadores e amigos influentes para que estes lhes preparassem o retorno. A esse movimento logo adeririam até os filhos do cônsul Lucio Giunio Bruto: Tibério e Tito.
Tempo depois, devido à delação de um servo chamado Vindicio, documentos que comprovavam que os filhos de Lucio Giunio Bruto, Tibério e Tito, estavam entre os que lideravam a revolta, foram entregues ao seu Pai. Este, ao tomar ciência do fato, submeteu o caso ao Senado, entretanto, a decisão foi unânime: para preservar a Republica, e Roma, coube a ele ordenar a morte de todos os lideres da rebelião, e entre eles, seus próprios filhos. Apuradas as demais responsabilidades, até o Cônsul Lucio Tarquínio Collatino foi expurgado, acusado de ter sido demasiadamente condescendente com os conspiradores. Foi substituído por Publio Valério que em pouco tempo se tornou tão popular como Bruto.